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Parto humanizado: pelo direito de parir bem

Foto: Mariana Tozetto 

Ela está presente na respiração que fazemos 20 vezes por minuto, no piscar dos olhos, nos batimentos cardíacos, no sangue que corre pelas veias e em outras infinidades de movimentações que realizamos involuntariamente. Mas para que ela exista, há uma corrida imensa. A ela damos o nome de vida humana.

 

São aproximadamente 300 milhões de espermatozoides que disputam um único óvulo e somente um irá conseguir. Porém, nada é tão simples como parece. A chance de um único espermatozoide encontrar um outro óvulo ocorre apenas dois dias por mês. Se a união se der, está dada a largada para a criação de um outro ser humano.

 

Do encontro entre o espermatozoide e o óvulo, origina-se o zigoto, que, depois de uma série de divisões celulares, irá se instalar no útero. É neste instante que a placenta começa a se formar, o que possibilita o envolvimento do embrião no líquido amniótico. É a placenta que protege o embrião caso a mãe sofra uma queda e é também o auxílio para a alimentação daquele pequeno fragmento de vida.

 

Se tudo correr conforme a natureza espera, o embrião irá se desenvolver em um período de nove meses. Primeiro o sistema nervoso será formado, em seguida vem o desenvolvimento do esqueleto e depois os primeiros movimentos. É no quinto mês de gestação que nascem os primeiros fios de cabelo e é também nessa fase que os órgãos genitais são formados. No sexto mês, o bebê já consegue reconhecer alguns sons externos, principalmente a respiração e a voz da mãe.

Quando já completaram mais de 210 dias dentro da barriga, o bebê é capaz de ter sensações táteis. Ele se movimenta, boceja e abre os olhos.

 

No oitavo mês de gestação, uma movimentação diferente acontece. O bebê começa a se preparar para o parto. Então nessa hora, ele prefere se acomodar de cabeça para baixo. Nem todos são tão obedientes. Alguns escolhem ficar sentados. São os denominados bebês em posição pélvica.

 

Os dias vão se passando e finalmente chega o tão esperado nono mês. A criança já controla a respiração e praticamente todos os órgãos encontram-se formados. É por volta da 40ª semana que ela está prontinha para vir ao mundo. O corpo da mulher passa a dar alguns sinais de que a outra vida que ela carregou durante nove meses precisa agora respirar fora da barriga da mãe.

 

Para algumas mulheres, o primeiro sinal vem em forma de cólicas. Outros indícios de que é hora de juntar a malinha e correr para o hospital incluem a ruptura da bolsa, que acontece em 20% das gestações. O sangramento é mais um dos sinais.

 

No entanto, a contração é um dos sintomas mais conhecidos pelas grávidas. No início, em intervalos menores de tempo mas, aos poucos, evolui. O início de trabalho de parto começa quando há, no mínimo, duas contrações regulares em um espaço de dez minutos. Nessa hora, muitas mães procuram o atendimento médico o mais urgente possível. E é também nesse momento que muitas mulheres têm seus direitos desrespeitados.

Por ser enfermeira, Alana sabia quais eram os procedimentos corretos para que um parto saísse da forma mais natural possível. Apesar disso, não conseguiu evitar a episiotomia: “Subiram em cima de mim para ajudar a Júlia a nascer. E no final, me oferecerem analgesia e eu aceitei, porque estava com muita dor”, conta.

Foi assim com a enfermeira Alana Pietrobelli. Aos 25 anos, ela engravidou da primeira filha e, desde o início da gestação, via no parto normal a melhor opção para dar à luz. Tudo estava indo conforme o esperado. Alana informou à médica obstetra que a acompanhava que não gostaria de um parto com intervenções, mas no dia do nascimento da Júlia, nem tudo saiu de acordo com o combinado.

 

Quando iria completar o nono mês de gestação, Alana entrou em trabalho de parto e foi direto para o hospital, por causa de um sangramento: “E no momento em que me internei, já colocaram soro em mim, mesmo contra a minha vontade. Então as dores foram bem intensas desde o início”.

 

É durante o trabalho de parto que começa a fase de dilatação. Normalmente estreito e espesso, o colo do útero se estica e torna-se aberto e delgado, pronto para deixar o bebê passar. 

 

 

Foto: Mariana Tozetto 

Durante o estágio de nascimento, o colo do útero mede aproximadamente 2 cm. Gradativamente, ele se dilata até chegar aos 10 cm, quando ocorre a dilatação total.

 

“Cheguei aos 10 cm de dilatação e fui pra sala de parto, pedindo para a médica não fazer episiotomia. Daí na hora que a Júlia estava nascendo, lembro que ela falou pra mim: “Ai Alana, não vai ter como. Vou ter que fazer um corte aqui”, relata a enfermeira. E foi assim que a pequena Júlia chegou ao mundo, com 2,5kg.

 

Por ser enfermeira, Alana sabia quais eram os procedimentos corretos para que um parto saísse da forma mais natural possível. Apesar disso, não conseguiu evitar a episiotomia: “Subiram em cima de mim para ajudar a Júlia a nascer. E no final, me oferecerem analgesia e eu aceitei, porque estava com muita dor”, conta.

Foto: Mariana Tozetto 

Mais da metade das mulheres que escolhem o parto normal são submetidas à episiotomia

A violência que a enfermeira Alana sofreu durante o parto reflete a situação de muitas mulheres no Brasil. A episiotomia nada mais é que uma espécie de corte realizado entre o ânus e a vagina para que a saída do bebê se torne mais rápida.

 

Alguns estudos, desde a década de 1970, no entanto, questionam o procedimento rotineiro em muitas maternidades do país. Os riscos que acompanham o corte são diversos e incluem edema, dor perineal, hematomas, maiores riscos de infecção e dor nas relações sexuais após o processo cirúrgico.

 

Segundo as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), a prática não deve ultrapassar os 10% dos casos. Contudo, a Pesquisa Nascer no Brasil, coordenada pela Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) e divulgada em junho de 2014, mostra que 53,5% das mulheres que optam pelo parto normal são submetidas à episiotomia.

Karen Leão

"Mas o que é parto humanizado? Teoricamente, se a gente for pensar, existe um parto desumanizado?”

Foto: Mariana Tozetto 

A violência obstétrica se manifesta de vários jeitos. Se não vem em forma de intervenções desnecessárias, ela aparece camuflada na violência psicológica. Foi assim com a também enfermeira Karen Leão. Na gravidez da primeira filha, Karen desejava fazer um parto normal, mas não recebeu apoio: “Minha obstetra nunca me incentivou que tivesse um parto normal. Quando você coloca que quer ter o parto normal e a pessoa fala “ah, mas dói, viu?”, qual o incentivo que você dá para uma mulher?”, questiona.

 

Karen acabou por escolher uma cesariana. E no dia do parto ela ficou amarrada: “Eu pedi que me soltassem, não me soltaram. Pedi que o meu bebê viesse direto pra mim, não me atenderam. Foi para mão de outros e veio depois de uma hora”. Os traumas daquele dia se prolongariam por quase um ano, pois a relação entre mãe e filha foi afetada pelo modo como a cesariana aconteceu.

 

Assim como Alana, Karen também estava decidida que, na segunda gravidez, as coisas deveriam ser diferentes. Foi assim que ambas conheceram a também enfermeira Ana Paula Roberti, que desde 2012, trabalhava em cima de um projeto que auxiliasse as mulheres a terem um parto consciente.

 

“Pra mim existia dois modelos: ou era parto normal ou era cesariana. O parto humanizado era um universo muito distante, muito diferente do qual eu nunca tinha ouvido nem falar”, conta Ana Paula. O pensamento da enfermeira mudaria durante a graduação, quando uma professora apresentou um modelo de curso voltado para a humanização do parto: “A partir daí, aguçou a curiosidade. Mas o que é parto humanizado? Teoricamente, se a gente for pensar, existe um parto desumanizado?”.

 

Existe, pois as experiências de partos relatadas por Alana e Karen são exemplos de como um evento fisiológico do ser humano pode ser tão desrespeitado. Cada nascimento é único, embora para os médicos possa parecer mais uma paciente dentre tantas que passam pelos hospitais. “A gente fica nove meses esperando e daí fazem aquilo. Às vezes é muito frustrante, como aconteceu comigo na primeira vez”, explica Karen.

 

“Para elas saírem desse cenário de violência, elas aceitam tudo que é oferecido, inclusive as intervenções desnecessárias”, considera Ana Paula. Segundo a enfermeira, se a gestante não tiver informações necessárias para questionar os procedimentos médicos, ela vai achar normal.

Parto humanizado respeita direito de escolha da mulher

 

Se o primeiro parto não saiu conforme as expectativas das duas mães, na segunda gravidez o parto humanizado iria deixar marcas positivas na vida de Karen e Alana. A mudança, nos dois casos, já começou no início da gestação, com o acompanhamento de Ana Paula.

 

“O combinado era que a Ana iria acompanhar o meu parto no dia e o médico ficaria à distância. Se a gente precisasse, ele seria informado”, conta Alana. E foi assim que Alice nasceu: sem aplicação de soro, sem episiotomia e sem ninguém para empurrar o bebê, o que surpreendeu até mesmo os funcionários do hospital: “Para eles foi uma coisa nova, porque nunca tinham visto um parto sendo acompanhado por uma enfermeira, em um quarto de hospital e sem a presença de um médico”.

 

Na segunda gravidez de Karen, as coisas também saíram como planejado. Apesar de querer parto normal, as circunstâncias da gestação levaram a mãe a fazer uma cesárea. Nos últimos meses, o bebê ficou em posição pélvica e, na visão de enfermeira, não seria ideal apostar no parto domiciliar.

 

Porém, a cesárea também foi humanizada. “A sala estava muito cheia de amor naquele momento, desde o anestesista até a circulante de sala”, relata a mãe. Para Karen, o que falta para que as gestantes tenham seus direitos respeitos é boa vontade dos profissionais envolvidos.

 

A enfermeira obstetra Ana Paula explica que a humanização do parto envolve todos os presentes: “Quem humaniza são as pessoas que estão na assistência. Então se ela é da assistência e humaniza, consegue contagiar a equipe inteira”.

E um parto humanizado traz consequências positivas para a mulher e a família. Um exemplo disso é a Aline Fevereiro, que já teve três experiências da humanização do parto, sendo que nas duas últimas gestações optou pelo parto domiciliar.

 

No primeiro parto, apesar ter sido humanizado, Aline não ficou satisfeita por causa dos protocolos hospitalares: “Eu não fiz o que o meu corpo estava pedindo porque não permitiam. Tive que fazer do jeito deles”. Na segunda gravidez, a mãe procurou outro ambiente para o parto onde seus direitos pudessem ser respeitados. Foi aí que ela se deparou com o universo do parto domiciliar.

 

Como Aline mudara-se para o Paraná há pouco tempo, a dificuldade foi encontrar alguém que assistisse a essa outra forma de se ter um bebê. O contato com a enfermeira Ana Paula veio através de recomendações e Aline decidiu por receber o segundo filho em sua própria casa. “Ela foi na minha casa e a gente faz a mesma coisa que um pré-natal normal, mas com a Ana em casa. Além das coisas básicas que se faz nesse acompanhamento, têm todas as questões psicológicas que se trabalham num atendimento personalizado como esse”.

 

Com o auxílio de Ana Paula, o parto domiciliar de Aline ocorreu de forma tranquila e segura. Até mesmo o primeiro filho participou do momento. “Ele quis ficar comigo naquela hora. Hoje, os dois têm uma ligação muito forte, pois criança encara com uma naturalidade muito maior”.

 

Com o sucesso do parto domiciliar na segunda gestação, a mãe optou por ter o terceiro filho da mesma forma. Aline entrou para o movimento e hoje gesta rodas mensais de gestantes em Prudentópolis, onde reside. “Lá as pessoas não têm tanta informação, é bem provinciano mesmo. O que eu optei por fazer? Ir nos postos de saúde mobilizar mais mulheres”, conta a mãe.

 

Não são todas as gestantes, no entanto, que podem fazer um parto domiciliar. O primeiro critério é ser uma gestante de baixo risco, que não apresente nenhuma patologia clínica, como hipertensão ou diabetes, por exemplo. Outra indicação é que o bebê esteja em apresentação cefálica, que é quando o feto encontra-se com a cabeça para baixo e que a gestação seja única.

Taxa de cesáreas em Ponta Grossa e região chega a 52%

Apesar do parto ser um momento único para a gestante e a família, nem todas podem contar com a presença do companheiro na hora do nascimento do bebê. A Lei do Acompanhante (11.108) é de 2005 e obriga as maternidades e hospitais brasileiros, tanto públicos quanto privados, a permitirem a presença de um acompanhante designado pela gestante para participar do trabalho de parto. No entanto, dez anos depois, alguns hospitais ainda não se adequaram à Lei.

 

O critério de escolha seria exclusivo da mulher. Pode ser o marido, uma amiga, a mãe ou uma doula, não importa se existe um grau de parentesco.  E quem a pessoa mais indicada para acompanhar a mulher nessa fase da vida se não o pai do bebê? Por falta de estrutura das maternidades, muitos parceiros não podem acompanhar o nascimento dos filhos, justamente porque na sala do pré-parto existem outras mulheres parindo.

 

“No parto, por ser uma experiência sexual e íntima, as mulheres deveriam poder estar com aqueles que elas querem”, é o que explica a doula Ana Maria.

 

No Brasil, muitas mulheres são desestimuladas a fazerem o parto natural. Segundo dados da FioCruz, a taxa de cesáreas no país é de 56% e nos hospitais privados esse número chega a 88%. No entanto, a indicação da OMS é que o índice não ultrapasse os 15%.

 

Em Ponta Grossa, os números não são muito diferentes. Dados preliminares fornecidos pela 3ª Regional de Saúde mostram que, em 2014, 52% dos partos foram cesáreas contra 48% de partos naturais.

 

Foto: Mariana Tozetto 

O médico e diretor clínico de uma das maternidades da cidade, Adilberto Souza Raymundo, o objetivo é atender às metas qualitativas e quantitativas do Ministério da Saúde. “Entra nas metas o número de partos normais proporcionais aos números de cesarianas. Então, nós temos que ter 25% de cesarianas para 75% de parto normal. Então se tiver uma proporção de três para um, está dentro do preconizado pelo Ministério”.

 

Quanto à realização da episiotomia, o médico explica que a cirurgia diminuiu muito nos últimos anos. O procedimento cirúrgico é feito geralmente em pacientes primigestas (aquelas que vão ter o primeiro filho) e que não apresentam uma boa elasticidade de períneo. “Tem que saber indicar a episiotomia. Nas pacientes de parto humanizado, é o mínimo possível”, indica.

 

Amanda Gonçalves teve seu filho através de parto normal, mas precisou fazer o procedimento. “Na hora eu não queria fazer a episiotomia, mas eu não tinha mais força e o bebê ia ficar preso. Daí eles falaram pra fazer o corte. Eu não queria, mas melhor salvar a vida dele do que acontecer alguma coisa. Mas em foi em último caso”.

 

No quarto da maternidade do SUS aonde Amanda estava, haviam outras três mulheres. Porém, nenhuma delas precisou fazer episiotomia.

Presença de doulas nos hospitais diminuem intervenções durante parto

Uma das medidas para diminuir a elevada taxa de cesarianas, segundo a doula e também presidente da Associação em prol da Maternidade Ativa e Segura (Amas), Ana Maria Bourguignon, é a presença de doulas nos hospitais. O trabalho delas é o atendimento psicológico e emocional com as gestantes. “O que a mães querem? Como elas se veem parindo? Nosso papel é fazer com que essas expectativas sejam atendidas e a mãe tenha uma memória saudável, feliz do parto e que seja prazerosa”.

 

Para que a mulher e o companheiro tenham seus direitos respeitados, a orientação da enfermeira Ana Paula é que os casais realizem um Plano de Parto. Trata-se de um documento onde a gestante e o parceiro inserem aquilo que desejam e o que não querem para a realização do parto. “É uma forma de você ser respeitada, principalmente dentro de uma unidade hospitalar. Leva o documento para o obstetra e ao pediatra, para que ambos estejam cientes da escolha dela”, orienta.

 

Outra indicação, segundo a doula Ana Maria, é que a mulher, antes de começar o pré-natal, leia o manual ‘Assistência ao Parto Normal: Um Guia Prático (OMS 1996). Através do documento, a gestante toma conhecimento dos procedimentos corretos para um parto seguro e pode questionar o médico sobre as dúvidas que surgirem. “O médico que não aceita perguntas não é um bom médico. O pré-natal não é só para fazer exames, é para esclarecer dúvidas mesmo”.

 

Ana Maria, que em 2014 defendeu a dissertação de mestrado em Sociologia Política ‘Humanização do Parto e Nascimento: osdiscursos construídos nas teses e dissertações brasileiras’, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), destaca ainda que o parto, no decorrer do tempo, deixou de ser um evento sexual e íntimo para se transformar em algo público e até comercial, principalmente pela indústria do parto e nascimento. “A ideia é retransformar esses eventos como rituais de passagens importantes para o bebê, para a mulher e para a reconstituição das famílias”, destaca.

Lei das Doulas começa valer a partir de agosto em Ponta Grossa

“Nosso trabalho faz diferença, porque o ambiente fica leve, respeitoso e agradável. E o nenê acaba nascendo de uma maneira bonita. Hoje em dia, não estamos vivendo um trabalho de parto centrado na mulher e eu procuro fazer a vontade dela”.

 

Mônica Balsano, doula

Mônica Balsano foi a primeira a realizar o trabalho de doula em Ponta Grossa. Ela explica que o papel da doula é auxiliar a mulher antes, durante e depois do parto: “Nosso trabalho faz diferença, porque o ambiente fica leve, respeitoso e agradável. E o nenê acaba nascendo de uma maneira bonita. Hoje em dia, não estamos vivendo um trabalho de parto centrado na mulher e eu procuro fazer a vontade dela”.

 

Segundo o Ministério da Saúde, a doula não faz o parto, mas é uma acompanhante treinada que oferece apoio emocional as parturientes. Ela evita que sejam feitas intervenções e procedimentos desnecessários durante o nascimento do bebê.

 

Mônica explica que qualquer mulher pode ser doula, mas é preciso fazer um curso que dura, em média, 40 horas. “Precisa ter feito curso na área da saúde? Não, mas precisa gostar e ler muito. Eu, por exemplo, toda semana estou lendo um ou dois artigos científicos”.

 

No dia 02 de junho deste ano, foi publicada no Diário Oficial do Município de Ponta Grossa a sanção da Lei nº 230/2014, que dispões sobre a presença de doulas nas maternidades da cidade. De acordo com a resolução, os hospitais são obrigados a permitir a presença dedoulas durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-partoimediato, sempre que solicitada pela parturiente.

 

Conforme a Lei, a doula não pode realizar procedimentos cirúrgicos ou clínicos, mas oferecer acompanhamento psicológico às mães. Vale ressaltar, no entanto, que a presença da doula não se confunde com a presença do acompanhante.

 

Segundo o autor do projeto, Vereador Careca (SD), a lei vai de encontro às necessidades das mães dentro dos hospitais. “Claro que a doula não vai se envolver no processo do parto, vai ficar do lado. Mas ela também ficará atenta ao que está acontecendo para que os direitos das mães sejam realmente exercidos, tanto pelo Sistema Único de Saúde (SUS) quanto no particular”, salienta.

 

Para Careca, o próximo passo é formar uma associação de doulas no município e oferecer cursos de capacitação às mulheres. A Lei passa a valer sessenta dias após a data da publicação.

 

Na opinião do médico Adilberto Souza Raymundo, a doula precisa ser alguém que a gestante conheça para que possa existir um vínculo entre as duas. “Eu vejo que a doula é uma pessoa que tem o seu valor, mas acho que não se faz necessário hoje com tantas coisas mais importantes dentro do sistema público que a gente pode tratar de uma outra forma, como melhoria no prá-natal, orientação, pré-parto, etc”, avalia.

Para Renata, cesariana ocorreu tranquilamente

“Uma frase que eu li e me chamou bastante atenção esses dias: mais importante que o parto, é o nascimento".

Renata Guarnieri, gestante do segundo filho 

Fotos: Mariana Tozetto 

“Se for para o bem estar da criança e o bem estar da mãe, independentemente do método, o que a gente tem que prezar é a saúde”, declara Renata Guarnieri, que está no sexto mês da segunda gestação. Desta vez ela quer tentar parto normal, diferentemente do que aconteceu na primeira gestação.

 

Há cinco anos, ela passou por uma cesárea no nascimento do primeiro bebê, pois o corpo da gestante não deu sinais. “Uma frase que eu li e me chamou bastante atenção esses dias: mais importante que o parto, é o nascimento. De repente, para determinadas mulheres o parto natural é melhor, para outras é preciso fazer uma intervenção cirúrgica”, continua.

 

Renata afirma que a cesariana ocorreu tranquilamente e que ela pôde pegar logo o bebê. O marido acompanhou todo o processo. Como fizera um processo cirúrgico e ela não entrara em trabalho de parto, teve dificuldades para amamentar, tendo que tomar remédio para estimular a produção de leite. amamentar, tendo que tomar remédio para estimular a produção de leite.

            Reportagem produzida em maio de 2015.

 

Keren Bonfim

Bianca Ivone Machado

Hellen Gerhards

© 2015 por KEREN BOMFIM FOTOGRAFIA. Todos os direitos reservados

 

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